Avaliação Comportamental ou Assessment é hoje um procedimento muito utilizado por recursos humanos com o objetivo de avaliar ou checar a adequação de um profissional a um determinado perfil desejado.
Normalmente o “Assessment” é conduzido por consultores ou psicólogos que na iminência em desvendar os mistérios da mente humana, negligenciam uma efetiva melhora com relação às vulnerabilidades identificadas. Em conseqüência desta incomunicabilidade entre resultado esperado pela empresa avaliadora e objetivos propostos pelo consultor avaliador, minimiza-se a eficácia e credibilidade de uma avaliação de perfil profissional.
É obvio que avaliação não pressupõe desenvolvimento humano propriamente dito. Entretanto, vale ressaltar que o primeiro passo para o amadurecimento profissional ou pessoal, inicia-se no reconhecimento de suas qualidades e limitações de forma construtiva e sincera. Logo, entendo que para que um assessment seja plenamente conduzido, atingindo um nível máximo de eficácia, deverá haver um compromisso íntimo com o sucesso no desenvolvimento das competências identificadas e avaliadas.
Howard Gardner, professor de Pós Graduação da Universidade de Harvard, desvenda em sua teoria de Inteligências Múltiplas (1995) um conceito mais amplo sobre as implicações do potencial humano.
Diferentemente do antigo conceito de inteligência, onde o QI (Quociente de Inteligência) era considerado algo único, nato e imutável, Gardner contribuiu para uma visão ampla e inovadora de como tratar as potencialidades humanas no campo da aprendizagem.
“As pessoas não nascem com uma determinada quantidade de inteligência, que serviria como uma espécie de limite. Cada um de nós tem potenciais dentro de um espectro de inteligência. Os limites de realização desses potenciais dependem da motivação, da qualidade do ensino, dos recursos disponíveis. (Gardner, H., 2010, p.21)
Howard Gardner cita ainda 7 inteligências que segundo o autor, todos os seres humanos possuem, porém, em diferentes intensidades: Lingüística, Lógico-matemática, Musical, Espacial,Corporal-cinestésica (uso do próprio corpo para resolver problemas ou fazer algo), Interpessoal (entendimento do outro) e Intrapessoal (entendimento de si mesmo).
Para Gardner, a inteligência é a capacidade de solucionar problemas ou elaborar produtos que são importantes em um determinado ambiente ou comunidade cultural. Para isto podemos adaptar esta teoria ao contexto organizacional trazendo o Assessment como a porta de entrada para uma gestão do crescimento profissional do indivíduo na empresa.
Quando o Assessment utiliza-se da teoria das múltiplas inteligências para identificar potenciais talentos, é possível também relacionar algumas profissões ou até mesmo trilhas que o funcionário poderá percorrer durante seu desenvolvimento profissional. Embora algumas ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos elas ilustram bem a necessidade de uma combinação de inteligências. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a destreza da cinestésica. Já um gerente comercial, necessita de uma combinação das inteligências verbal-linguística, lógico-matemática e interpessoal.
Podemos pensar ainda quais inteligências seriam imprescindíveis para um líder. Em um ensaio, apostaríamos na predominância das inteligências intra e interpessoal.
A gestão da carreira de cada colaborador, leva em consideração utilizar, da melhor maneira possível, seu mix de inteligências, compensando as eventuais deficiências. Esta estratégia tende a conduzir o profissional ao seu melhor desenvolvimento e satisfação, culminando na indispensável motivação para permanecer na empresa.
Desta forma, cada vez mais, as empresas deverão utilizar o conceito de Inteligências Múltiplas na sua estratégia de pessoal, que, enfim, é o que vai garantir sua perenidade da organização.
Rose Kurdoglian – www.talentbankbr.com.br